O SYMBOLON
Eram 14.57. As 14:57 mais aguardadas, desde que ouvi a palavra desconfinar.
Na sede a porta ainda estava fechada, mas nas janelas já se encostavam caras a olhar para o interior. As expressões em todos os rostos eram aquelas de quem olha para um tesouro.
14:58. Ao fundo o tilintar das chaves. Na esquina ouvi passos apressados e 2 ou 3 apareceram a correr.
14:59. O chefe já ali ao lado. O sorriso percebia-se mesmo debaixo da máscara.
15:00. A chave na porta.
Entrei depois do chefe acendi a luz e num instante instalou-se a azáfama do costume. Um correu a ir procurar as bandeiras, outro saiu a ir buscar o álcool gel, um terceiro foi abrir as restantes portas... Finalmente era hora! Desconfinar, reencontrar amigos.... Olhei em volta, feliz.
O Lobito mais velho ainda estava na rua, ansioso. Convidei-o a entrar no covil, mas ele, muito a medo, disse-me que não, assim não, falta... qualquer coisa. Olhei ao meu redor. Tudo parecia estar na mesma.
O velhinho cheiro a fumo, sisal e gargalhadas, as bandeirolas nas varas à espera do vento que as agitasse e de uma qualquer chuvada que lhes tirasse o pó, as cartolinas e canetas nas mesas a aguardar mãos que lhes dessem cor e histórias incríveis, os painéis querendo ser preenchidos por sonhos, memórias e vitórias.
Chamei um explorador e pedi-lhe que fosse ver. Correu a procurar na base e quando voltou, confirmou que tudo parecia igual mas: não te sei explicar parece que está qualquer coisa a faltar.
Gritei ao pioneiro, vai lá tu e ele disse gritou-me de dentro do abrigo que esta tudo na mesma, mas tudo esta diferente, não sei, não faz sentido mas a sede está diferente...
Olhei, olhei e de repente vi.
Lá ao fundo, ali no canto, encostado ao Albergue faltava... Tudo....